Wednesday, April 29, 2009

toda vez que levo o arthus pra tomar banho refaço aquele caminho que fazia todas as sextas-feiras, uns 16 anos atrás...

eu tinha só 11 anos e não morava perto o suficiente da escola pra já poder ir a pé.
mas minha avó morava!

um dia ela propôs que eu almoçasse com ela toda sexta-feira. adorei!
não só porque gostava de passar a tarde na casa da vovó, mas principalmente porque essa era a minha grande oportunidade de, pelo menos por um dia na semana, ser independente!
não precisar esperar o meu pai, sair da aula caminhando com as minhas próprias pernas..
ações que geravam um sentimento único e inexplicável pra alguém que começava a descobrir o mundo real..
melhor ainda porque minhas pernas tinham a companhia de outros dois pares de pernas pra caminhar com elas.
(um desses pares era talvez o grande motivo que me fazia querer ir embora a pé).

na última esquina antes da casa da minha vó (hoje minha casa, por sinal) ficava o ponto de ônibus.
era ali que o larry (o par de pernas, de braços, e de olhos azuis que inspirava minha independência) parava pra esperar o ônibus 155 com a irmã dele.
e eu parava junto.
sentava na mureta.
puxava todos os assuntos que lembrava pra não haver nem um minuto de silêncio constrangedor ao lado dele..
e torcia pra que o 155 demorasse bastante, até que eu não tivesse mais assuntos..

mas acho que ele nunca percebeu que meu cabelo sempre estava mais penteado no horário de saída das sextas-feiras..
..ou que toda aquela tagarelice pré-fds tinha segundas intenções.

tínhamos apenas 11 anos e um mundo de sentimentos explodindo pelo corpo e causando milhões de interrogações na mente..

hoje eu não tenho a menor idéia do paradeiro do larry nem de sua irmã larrye..
mas dessa época restaram boas lembranças
que sempre vem à cabeça durante o trajeto para o pet shop.

restaram alguns poucos rostos conhecidos...
o tio do churros, pra quem um dia ainda vou tomar coragem e perguntar se ainda aceita ficha (!) de ônibus em troca de um churros??
a dona da banca de jornal, que sempre lança aquele olhar que gera a dúvida básica de cumprimentar ou não..
..pq é bem mais fácil eu lembrar que ela é a mãe da taís da minha sala da primeira série do que ela reconhecer meu rosto infantil nessa mulher desleixada que passa de 10 em 10 dias com um cachorrinho de madame a tiracolo...

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momentos reflexivos.
gerá-los talvez seja o grande papel da morte - dos outros, claro - em nossa vida.
sempre que alguém se vai eu perco um bocado de dias refletindo sobre os rumos dos que já passaram por mim..


hoje pela primeira vez consegui lembrar dos momentos da tua passagem pela minha vida.
consegui até sorrir com algumas lembranças.
mas ainda não perdôo a parte que não compreendo.


foi um passo a frente, anyway.
até consegui colocar aquela pasta com seu nome pra ouvir..
mas aquela música ainda me proporciona a mesma coisa que senti quando a ouvi naquele bar esnobe da praia dos playboys..
será que um dia vamos ouvi-la juntos de novo?

Tuesday, April 28, 2009

e vc?
me dá a mão?
vamos pra onde?

longe
perto

dessa vez vc decide.
...
Conclusões acertadas no cotidiano e no trabalho - certos assuntos vagos poderão ser esclarecidos mediante o bom uso da sensibilidade, mais do que da razão. Sinta as pessoas a sua volta, converse com elas de igual pra igual. E não enrede ninguém em suas duvidas. Guarde-as consigo. Retidão.

parece que os astros já sabiam que hoje era dia de van.. hehe

talvez se eu tivesse lido o horóscopo antes de sair de casa tivesse falado menos.

sempre me exponho. confio. falo demais, sem medir.
(mas tem problema?)


hoje teria sido difícil falar pouco, anyway..
formô o grupo das mina.. os cara foram pro pátio e as mina pro pedágio..
dava um baile funk.. hehe

trabalhei pouco. ri bastante. dormi um tanto.
e ainda me perguntam pq optei por esse trampo..

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e não sei pq mas esses dias de convivência intensa costumam coincidir com outros fatos fortes da vida externa..

e depois de horas retidas nas minhas dúvidas, o rádio tocou aquela música que fala do girassol da cor dos cabelos... e então eu soube que algumas lembranças não são por acaso..

nunca soube a forma certa das coisas contigo.
e pra sempre não vou saber.
mas vou agir sempre pelo meu instinto, pq por um tempo esse foi o jeito certo..

Wednesday, April 22, 2009

quando decidi seguir a caminhada era só uma chuva fininha.. ao longo do caminho ela foi apertando, e eu não me importei muito, apesar dos olhares quase reprovatórios de todos que passavam por mim, seguros embaixo de seus guarda-chuvas.

mas só eu podia sentir a baixa temperatura das gotículas que escorriam pelo meu rosto, embaraçavam meus cabelos e molhavam minha roupa..

o caminho me tomou uma meia hora.. tempo suficiente pra pensar na vida e avaliar os últimos passos e as decisões recentes..

pensar pensar pensar..
porque será que penso tanto?
será que todas essas análises realmente me ajudam a buscar os caminhos "certos"?

talvez eu analise demais.
seja por medo, insegurança ou até por uma experiência demasiada que adquiri quase sem perceber (e que agora não sei dizer se ela ajuda ou atrapalha)..
o fato é que estou sempre pensando..

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pensei em muitas coisas enquanto assistia ele cavar a efemeridade da vida!
a água invadia todas as cavidades daquele gigantesco buraco na areia, enquanto ele filosofava sobre a evasão natural de todas as coisas..

pensei quanto daquele pensamento era direcionado pra nossa história.
refleti sobre as qualidades, sobre os defeitos e sobre as afinidades...
avaliei os desejos, as ambições, os incômodos e as repulsas..

e mesmo pensando tanto, não conclui nada..
continuo lidando com a sensação agoniante do "tanto faz"..

e a sucessão dos fatos, que a princípio pareceu um direcionamento maduro, acabou virando mais uma interrogação..

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com chuva ou sem chuva, sigo analisando..
ainda sem respostas e sem nada de concreto nas mãos..

mas lá no fundo, sinto uma sensação de leveza que me motiva a continuar.
com menos drama do que estou habituada, menos apego do que costumo sentir e menos intensidade do que gostaria. mas vamo lá!

Monday, April 06, 2009

segunda-feira muito louca depois de um fim de semana quase perfeito!

tá tudo de pernas pro ar e eu me sinto num filme do buñuel, tamanha surrealidade dos acontecimentos...
tudo se confunde e eu não sei mais se esse é o mesmo ônibus que embarquei lá no início dessa caminhada..
alguns tripulantes se revelam estranhos e os mais estranhos se aproximam e se mostram parceiros.

se não fossem os prazeres proporcionados por todas as águas do fim de semana eu estaria mais perto de surtar!
mas a forma que vc me segurou... a expressão no seu olhar... e aquela conversa completamente abalada pelos vôos do batmam.. hehe tudo isso fez aquele medo dar lugar a uma segurança completamente inocente e um tanto irresponsável..

agora vale o clichê de que "só sei que nada sei".. mas to louca pra descobrir..
e até lá quero mais promessas..