toda vez que levo o arthus pra tomar banho refaço aquele caminho que fazia todas as sextas-feiras, uns 16 anos atrás...
eu tinha só 11 anos e não morava perto o suficiente da escola pra já poder ir a pé.
mas minha avó morava!
um dia ela propôs que eu almoçasse com ela toda sexta-feira. adorei!
não só porque gostava de passar a tarde na casa da vovó, mas principalmente porque essa era a minha grande oportunidade de, pelo menos por um dia na semana, ser independente!
não precisar esperar o meu pai, sair da aula caminhando com as minhas próprias pernas..
ações que geravam um sentimento único e inexplicável pra alguém que começava a descobrir o mundo real..
melhor ainda porque minhas pernas tinham a companhia de outros dois pares de pernas pra caminhar com elas.
(um desses pares era talvez o grande motivo que me fazia querer ir embora a pé).
na última esquina antes da casa da minha vó (hoje minha casa, por sinal) ficava o ponto de ônibus.
era ali que o larry (o par de pernas, de braços, e de olhos azuis que inspirava minha independência) parava pra esperar o ônibus 155 com a irmã dele.
e eu parava junto.
sentava na mureta.
puxava todos os assuntos que lembrava pra não haver nem um minuto de silêncio constrangedor ao lado dele..
e torcia pra que o 155 demorasse bastante, até que eu não tivesse mais assuntos..
mas acho que ele nunca percebeu que meu cabelo sempre estava mais penteado no horário de saída das sextas-feiras..
..ou que toda aquela tagarelice pré-fds tinha segundas intenções.
tínhamos apenas 11 anos e um mundo de sentimentos explodindo pelo corpo e causando milhões de interrogações na mente..
hoje eu não tenho a menor idéia do paradeiro do larry nem de sua irmã larrye..
mas dessa época restaram boas lembranças
que sempre vem à cabeça durante o trajeto para o pet shop.
restaram alguns poucos rostos conhecidos...
o tio do churros, pra quem um dia ainda vou tomar coragem e perguntar se ainda aceita ficha (!) de ônibus em troca de um churros??
a dona da banca de jornal, que sempre lança aquele olhar que gera a dúvida básica de cumprimentar ou não..
..pq é bem mais fácil eu lembrar que ela é a mãe da taís da minha sala da primeira série do que ela reconhecer meu rosto infantil nessa mulher desleixada que passa de 10 em 10 dias com um cachorrinho de madame a tiracolo...
------------
momentos reflexivos.
gerá-los talvez seja o grande papel da morte - dos outros, claro - em nossa vida.
sempre que alguém se vai eu perco um bocado de dias refletindo sobre os rumos dos que já passaram por mim..
hoje pela primeira vez consegui lembrar dos momentos da tua passagem pela minha vida.
consegui até sorrir com algumas lembranças.
mas ainda não perdôo a parte que não compreendo.
foi um passo a frente, anyway.
até consegui colocar aquela pasta com seu nome pra ouvir..
mas aquela música ainda me proporciona a mesma coisa que senti quando a ouvi naquele bar esnobe da praia dos playboys..
será que um dia vamos ouvi-la juntos de novo?
eu tinha só 11 anos e não morava perto o suficiente da escola pra já poder ir a pé.
mas minha avó morava!
um dia ela propôs que eu almoçasse com ela toda sexta-feira. adorei!
não só porque gostava de passar a tarde na casa da vovó, mas principalmente porque essa era a minha grande oportunidade de, pelo menos por um dia na semana, ser independente!
não precisar esperar o meu pai, sair da aula caminhando com as minhas próprias pernas..
ações que geravam um sentimento único e inexplicável pra alguém que começava a descobrir o mundo real..
melhor ainda porque minhas pernas tinham a companhia de outros dois pares de pernas pra caminhar com elas.
(um desses pares era talvez o grande motivo que me fazia querer ir embora a pé).
na última esquina antes da casa da minha vó (hoje minha casa, por sinal) ficava o ponto de ônibus.
era ali que o larry (o par de pernas, de braços, e de olhos azuis que inspirava minha independência) parava pra esperar o ônibus 155 com a irmã dele.
e eu parava junto.
sentava na mureta.
puxava todos os assuntos que lembrava pra não haver nem um minuto de silêncio constrangedor ao lado dele..
e torcia pra que o 155 demorasse bastante, até que eu não tivesse mais assuntos..
mas acho que ele nunca percebeu que meu cabelo sempre estava mais penteado no horário de saída das sextas-feiras..
..ou que toda aquela tagarelice pré-fds tinha segundas intenções.
tínhamos apenas 11 anos e um mundo de sentimentos explodindo pelo corpo e causando milhões de interrogações na mente..
hoje eu não tenho a menor idéia do paradeiro do larry nem de sua irmã larrye..
mas dessa época restaram boas lembranças
que sempre vem à cabeça durante o trajeto para o pet shop.
restaram alguns poucos rostos conhecidos...
o tio do churros, pra quem um dia ainda vou tomar coragem e perguntar se ainda aceita ficha (!) de ônibus em troca de um churros??
a dona da banca de jornal, que sempre lança aquele olhar que gera a dúvida básica de cumprimentar ou não..
..pq é bem mais fácil eu lembrar que ela é a mãe da taís da minha sala da primeira série do que ela reconhecer meu rosto infantil nessa mulher desleixada que passa de 10 em 10 dias com um cachorrinho de madame a tiracolo...
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momentos reflexivos.
gerá-los talvez seja o grande papel da morte - dos outros, claro - em nossa vida.
sempre que alguém se vai eu perco um bocado de dias refletindo sobre os rumos dos que já passaram por mim..
hoje pela primeira vez consegui lembrar dos momentos da tua passagem pela minha vida.
consegui até sorrir com algumas lembranças.
mas ainda não perdôo a parte que não compreendo.
foi um passo a frente, anyway.
até consegui colocar aquela pasta com seu nome pra ouvir..
mas aquela música ainda me proporciona a mesma coisa que senti quando a ouvi naquele bar esnobe da praia dos playboys..
será que um dia vamos ouvi-la juntos de novo?
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