dia internacional da mulher

chegou mais um 8 de março..
e eu queria estar inspirada pra escrever alguma coisa legal aqui..
mas ultimamente meu talento de jornalista tem se esvaido pelo ralo, viu?

De qualquer forma, já vale o registro pra dizer que esse é um dia especial, de luta, memória e reflexão..
Para mim, antes de tudo, é um dia de celebrar o feminismo.. um dia de reunir forças para conscientizar o maior número de pessoas da importância da luta feminista hoje em dia..

São muitas as pessoas que não cansam de repetir que o feminismo já não faz mais sentido, que a mulher já atingiu todos os espaços e blá blá blá..
Mas basta ter um mínimo de intelecto pra saber que essa é uma luta que ainda está bem longe do fim..

Em 2001, a pesquisa A mulher brasileira nos espaços público e privado, realizada pelo Núcelo de Opinião Pública da Fundação Perseu Abramo (onde eu trabalho) detectou números que refletiam uma séria e revoltante realidade vivida pelas mulheres no Brasil. Detectou-se, por exemplo, que a cada 15 segundos uma mulher era espancada, a cada 15 segundos uma brasileira era impedida de sair de casa, também a cada 15 segundos outra era forçada a ter relações sexuais contra sua vontade, e a cada 9 segundos outra era ofendida em sua conduta sexual ou por seu desempenho no trabalho doméstico ou remunerado.

São dados recentes, de apenas 5 anos atrás.. E, infelizmente, o quadro não se modificou muito até o momento.. São números que fazem parte da nossa realidade muito mais do que imaginamos.. E os problemas não param por aí.. Existe a questão da imagem, que através de uma imposição estética praticamente inatingível, escraviza cada vez mais mulheres numa busca frenética por uma imagem perfeita, que se encaixe nos padrões da mídia.. e com isso, vão às últimas conseqüências em dietas absurdas e cirurgias exageradas..

Mas nem precisamos ir tão longe, no nosso dia-a-dia mesmo, quem é mulher sabe o quanto o simples ato de andar na rua pode ser complicado.. Proponho um teste aos homens: saia na rua um dia e tente observar uma mulher num trajeto pequeno, de duas quadras mais ou menos.. Veja quantos "elogios" ela recebe ao caminhar ao longo de duas ou três quadras mais ou menos.. Parece pouco?? Acredite, enfrentar diariamente um bando de careca barrigudo que acha que tem o direito de olhar minuciosamente para seu corpo, emitir sons animalescos ou proferir "elogios" escrotos não é nem um pouco! Tamanha é a perturbação que eu conheço um bom número de mulheres que prefere evitar sair sozinha em determinados horários para não enfrentar o incoveniente... Eu mesma, admito, já fiz trajetos mais longos para evitar determinadas áreas, atravesso muitas vezes a rua para evitar transtornos, e, quando é inevitável, xingo mesmo, reclamo, porque mesmo que eu esteja pelada ninguém tem o direito de me olhar de uma forma que me faz me sentir um pedaço de carne.. Por essas minhas reclamações já tive que correr, claro, porque o cara que te chama de gostosa se sente no direito de te ofender seriamente se você não aceitar seu "elogio"...

Pra variar, acabei escrevendo demais.. mas é bom o desabafo.. e de quebra ainda compartilho um pouco dessa experiência do que é ser mulher.. no caso, mulher feminista, considerada anti-social, mal-educada, chata ou "irritadinha", simplesmente por tentar exercer o direito de ir e vir sem ter que ficar alerta 24 horas por dia.. e ainda acham que é pedir muito..



Aproveitando a deixa.. tem tudo a ver com o dia avisar que os preparativos para o LadyFest 2006 já estão praticamente prontos!!! Começa dia 24/03.. Fique por dentro de tudo que vai rolar no Quitéria ... Não deixem de comparecer na festa de abertura pra me ver "DJeizar" e também pra ver a mostra de vídeos, da qual participarei com uma foto animação.. ;)