um dia. três contatos com a morte.
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acordei cedinho, com a campainha tocando as 7h da manhã.
era a moça que trabalha no sindicato aqui em frente.
não sei se foi por conta da sonolência ou do desespero afobado com que ela falava, mas não entendi exatamente o que ela dizia. só sei que acabei emprestando 12 reais pra ajudar alguém a buscar a mãe de um cara que tinha morrido. algo assim.
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o dia seguiu e, como combinado, meu pai veio me ajudar a arrumar umas coisas na casa.
passadas algumas horas, minha mãe veio buscá-lo e eles foram ao enterro da mãe da ila.
gosto muito da ila. ela é namorada do meu tio preferido, o julio. mas a mãe dela não cheguei a conhecer...
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de tarde falei com o ian na internet. e soube que o mudinho também morreu hoje.
das três mortes do dia, ele é o que eu conhecia mais de perto, mesmo assim, não tão perto.
mas o suficiente pra me baquear legal. poxa, ele tinha apenas 19 anos e foi coisa de umas 2 ou 3 semanas prum câncer tomar conta de tudo...
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o que se conclui com isso?
na verdade nada, ou uma lista de clchês.. de fato, a morte chega sem avisar, não escolhe cor, gênero, idade nem classe social... tá, mas o que isso nos diz??
essa grande icógnita que move o sentido da vida vai ser sempre uma interrogação pra mim..
com a morte tão presente hoje, foi impossível não lembrar do meu cachorrinho companheiro que me deixou há exatos 50 dias..
no dia 12 de outubro eu me senti tão afobada quanto a mulher que tocou minha campainha às 7h da manhã e tão inconformada como parecia o ian ou todos os outros amigos do mudinho que se expressaram pelo facebook..
a morte é isso mesmo.. e pra quem é ateu talvez o peso seja maior, porque não há nenhum alívio embutido no ritual...
pra quem fica, minha única conclusão é que devemos aproveitar a vida intensamente e curtir tudo como se fosse o último dia, porque de fato uma hora pode ser...